sexta-feira, 30 de julho de 2010

Pluralidade do Singular

Vejo algo vindo longe. Está escuro. A lua minguante. Ouço o barulho do mar. O céu está estrelado. A areia está úmida e a luz do poste pisca. Vejo uma estrela cadente. Fecho os olhos para poder imaginar melhor o que está vindo. Meus pensamentos vem e vão, como as ondas; uns com mais vigor do que outros. Sinto-me leve e consigo flutuar. Em minha mente, aquilo que vem é de cor branca e se destaca na escuridão. Não vejo formas, apenas vultos. Abro os olhos. A imagem, outrora longe, já está próxima. Vejo singulares e o plural, coisas simples com um valor sentimental. Não sei quanto tempo isso vai durar.

Já consigo, agora, distinguir a imagem. Branca, como em meu pensamento. Fios aloirados. É robusto. Apesar da pluralidade, pra mim, é singular. Pergunto o que ele é e recebo um barulho estranho como resposta. Aproximo-me. Sinto sua respiração forte, pulmão de atleta. Encosta suas narinas em minha testa. Encaixo minha bochecha em sua bochecha. E ele abaixa a cabeça, curva a pata, como se me convidasse para algo. Fico parado. Sinto um empurrão; o focinho dele bate nas minhas costas. Aproximo-me do seu lombo. Monto-o. Em um movimento delicadamente brusco, ele me faz segurar em sua crina loira. E marcha. E encanta. E me faz feliz. Sinto que ele via uma estrela cadente. Inicia uma corrida suavemente dócil. Leva-me a cair, mais uma vez, na minha imaginação...

Não sei quanto tempo estive com ele. Talvez o cavalguei por um Quarto de Milha. O meu, sonho sonhado somente meu. Singularidade de momento. ‘Esses’ não fazem um plural, necessariamente. Esse momento habitará o meu imaginário como habita, até hoje, uma outra situação ‘inusitada’. A pluralidade das coisas deles os tornam singulares. Volto toda noite àquele lugar, contudo, a magia não se faz presente. Espero que ele volte novamente, emanando fantasias e alegrias que me fazem viajar. Viagem para outro universo, talvez paralelo, de tempo e costumes. Ou pode ser até pra mais perto, desde que a pluralidade das coisas torne o momento singular, esse é o meu pedido.

domingo, 25 de julho de 2010

Quantos Pedro's existem em mim?

Às vezes, acho que sofro com um certo transtorno bipolar. É bem verdade que isso vem diminuindo com o passar dos dias. Costumo brincar que sou duas pessoas em apenas uma: o Pedro Henrique e o Pedro Sette. O primeiro apenas a família conhecia, o segundo, apenas os amigos e colegas.

Pedro Henrique, ou o ‘Pedênrique’ pra família, é um menino calado, na dele, que aparenta ingenuidade. Adora doces, festas de aniversário, tirar fotos, nadar, ir à praia em janeiro. Aliás, ele adora o mês de janeiro. Ele faz de tudo pra agradar as pessoas e se preocupa com nota, só pra mostrar ao seu pai que é bom. Na verdade, ele faz de quase tudo pra agradar seu pai. É esperto, competitivo e tem um espírito de criança. Não sabe cativar as pessoas. Prefere ficar calado ao invés de comprar uma briga. É pontual.

O Pedro Sette ainda reserva sua vida particular, porém, no meio dos seus amigos, é totalmente extrovertido, diferente do que aparenta ser em família. Ele se importa com sua vida profissional, pensa no futuro, corre atrás do que quer e do que sonha. Diferentemente daquele anterior, ele sabe lidar com os venenos das pessoas e aprende, aos poucos, a não esperar tanto das pessoas (isso diminui suas decepções), tampouco procura agradá-las. Pode não saber o que quer, contudo sabe muito bem o que não quer. Consegue ludibriar e ser persuasivo docemente. Adora perturbar as pessoas, isso o deixa, acima de tudo, feliz. É metido à intelectual: gosta de ler, escrever e diz que tem “doa”.

Hoje, me pergunto qual dos dois pedro’s é mais evidente. Creio que estou conseguindo ‘unificá-los’ em um só. O Pedro no qual me vejo hoje mescla a aparência ingênua, quando quer, do Henrique, com a extroversão do Sette. Louco por doces, registrar momentos e nadar, deixou de se importar com notas há um tempo e pensa no seu futuro. Não quer agradar a mais ninguém, a não ser a si mesmo. Cativa as pessoas que julga serem especiais e importantes na sua vida de uma maneira espetacular, mas consegue envenenar, ludibriar e persuadir aqueles que não preza. Não procura brigas e desavenças, contudo, quando no meio de uma tormenta, iça velas para o centro dela. Não abandona os amigos, talvez por já ter sido abandonado por ‘alguns’. Perturba as pessoas porque não se incomoda em agradá-las, não mais. Suas irônicas alfinetadas doem em suas vítimas e apesar de parecer uma criança competitiva, seu espírito é grande o suficiente pra reconhecer seu erro. Mostra-se um pouco frio em relação aos sentimentos, mas a cada dia tenta superar isso (e vem conseguindo). Enfim, qual o Pedro que você conhece?

terça-feira, 20 de julho de 2010

Aos meus amigos

Não preciso de uma data especial para lembrar dos meus amigos que zelo e cultivo a amizade dia após dia. Não preciso desejar coisas boas nesse dia, já que eles sabem que faço isso no silêncio do cotidiano, e que sempre estão comigo, no meu coração ou no meu pensamento. Não preciso listar a quem o texto se dirige, pois eles sabem melhor que ninguém, quem são, arrisco até dizer que sabem melhor do que eu.

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Surpreendo-me com uns pensamentos que chegam sem mais nem menos. O de agora me fez lembrar, pensar e reviver alguns momentos. Não importa a distância (temporal ou espacial) que estejamos, sempre continuarei sendo seu. Estarei mais perto do que você imaginar, no máximo, a 8 dígitos (13 se for interurbano).

Acredito que a palavra ‘AMIGO’, no sentido real, amplo e mais profundo, deriva do verbo ‘AMAR’. As pessoas casam com quem elas amam (na teoria) e prometem ficar juntos na ‘alegria e na tristeza’, porém, somente os amigos não falaciosos são quem compartilham esses momentos contigo. É comum ver amigos dizendo eu te amo, e eu amo todos os meus amigos, e digo isso aos que eu mais prezo. Não acho feio, tampouco infantil dizer isso, desde que seja seu sentimento verdadeiro.

Amigo não é aquele que sempre bebe com você, mas aquele que diz a hora certa de ir pra casa, que derrama toda a bebida do seu copo na sua frente ou então ordena que você pare. Não é aquele que te dar cola, e sim o que te faz estudar, instiga você a sonhar cada vez mais alto. Ele nunca vai querer controlar sua vida, exigir lealdade ou qualquer coisa que seja; contudo, vai dar conselhos preciosos, mostrando os prós e os contras dos seus (possíveis) atos e dificilmente vai exigir coisas ‘superficiais’ como lealdade, sinceridade, confiança, pois isso já tá impregnado na amizade.

Há, sem dúvida, aqueles falsos amigos, hipócritas, peçonhentos, que fazem de um tudo pra te ver mal, mas somente pelas suas costas, já que falta coragem para te enfrentarem cara-a-cara.

Amigos são para todas as horas, inclusive para as te ouvir às 3 horas da manhã, quando você teve um pesadelo, ou brigou com paquera, ou tá bêbado, ou simplesmente porque tá com saudades. Um amigo entenderá suas preocupações, medos, receios; falará sua opinião, por mais que isso machuque ou não te agrade; não vai querer te ver triste nunca, mas saberá respeitar seu luto.

domingo, 18 de julho de 2010

Um pouco de opinião

Por mais que eu peça a opinião dos outros a cerca de diversos assuntos, ora por insegurança, ora por inexperiência, ainda digo que isso de pouco me vale. Ouço e respeito opiniões variadas. Acatá-las já é uma decisão pessoal. Pouco me importa, na verdade, a opinião das pessoas, o que mais me vale é saber a minha própria visão sobre o assunto; pessoas frustradas tendem a ter receio. Se não dominas teus sentimentos, sente-te fraco frente às situações, não sabes o que fazer e acabas se privado do novo, devido à ‘conselhos’. Ainda falo difícil, por mais que tente simplificar, você pode pensar, mas talvez com um exemplo tudo fique mais fácil. Se fores a algum lugar onde tenha animais que possam ser montados, e se nunca fizestes isso (e também nunca te repreenderam), terás vontade de fazê-lo. Teu desejo pode ter dois destinos, depende apenas da quão madura e observadora é sua mente. Se chegares e perguntas a alguém que já caiu, por exemplo, de uma égua, se deves montar a cavalo; provavelmente essa pessoa responder-te-ia que não, que é perigoso e você pode morrer, além do mais, seu cóccix pode ficar dolorido. Contudo, a mesma pergunta feita para uma pessoa a qual tem ótimas recordações de montarias passadas, ela certamente encorajar-te-á a tal proeza, falando que é deveras gostoso o galope e mostrando que o sentimento de liberdade será único. Um líder, apesar de ouvir opiniões, segue o seu coração, por isso que dificilmente erra e sempre obtém êxito.

Posso fazer escolhas seguras, porém sempre um veneno estará perto, para conturbar-te e deixar-te inseguro. Como na ficção, ele sempre vem de onde menos esperamos, contudo, como na biologia, com a exposição repetida acabamos nos tornando imune. Nesses casos, a imunidade é uma decisão pessoal. Fácil é chorar pelos cantos e ficar revoltado, difícil, porém, é mostrar-se superior e oferecer a ‘outra face’. Opiniões alheias, nesse caso, de pouco valem. Amor à peçonha talvez seja um dos segredos da felicidade. Porém, um bom remédio pra olho gordo é algo doce com o instrumental do voodoo.

Faça o que o seu coração manda! Ele é o mais sábio nesses momentos; ele é o detentor não só das emoções, mas as razões muitas vezes estão subjugadas a ele. A sociedade pode até fazer pressão em ti, colocar pesos de toneladas em suas costas, contudo, a escolha é tu quem fazes: carregar o fardo ou, simplesmente, jogar pra cima e não se importar com as opiniões alheias. Sabedoria é saber a hora exata do bom e velho ouvido de mercador.

domingo, 11 de julho de 2010

Escolhas

Não sou capaz de fazer escolhas. Talvez começando assim, mostre toda minha negatividade e pessimismo àqueles leitores de sempre. Diz o poeta que estará protegido pelo acaso enquanto andar distraído. Mas que tipo de proteção seria essa apenas para as pessoas distraídas? Escolhas, pensando bem, talvez nem sejam problemas para tais, já que estarão sempre aparados.
É doloroso, talvez, ter que machucar, por atos inconsequentes e prematuros, alguém. Desculpas podem até serem aceitas, porém, somente da boca pra fora. A hipocrisia se faz presente quando dizem que desculpam qualquer pessoa por coisas graves. Suas escolhas fazem parte de você, portanto, és o que escolhe ser! Você pode até não estar acostumado a escolher, prefere manter os dedos cruzados, sem assumir culpas, pensando que é apenas um jogo que se joga e isso faz de você um tolo. Arrisque-se! Acredita, o eu, que é melhor se entregar a desorientação do que ser iludido por apenas palavras soltas ao vento, sem nenhum sentido, sem nenhum valor, amor. Você não sabe o que você poderia ter, de fato, até tentar e você pode vir a perder algo, muito talvez, por isso, por falta de coragem, de tentativas, de ousadia. É verdade! Invista, insista, persista. Uma hora sua escolha será a certa.
Posso não ser capaz, ainda, de fazer escolhas, contudo, sou suficientemente ‘treinado’ para ser persuasivo sem total radicalidade. Escolha, pois, um jeito perigoso de me conquistar. Seja capaz, ao menos disso. Caminhos se abrem, a estrada sofre uma burrificação, duas, três...quantas você não conseguir resolver e, mesmo assim, deixar se envolver. Pistas não te levam a lugar algum. Suas escolhas são produtos das suas experiências. Talvez esse seja o significado de viver. Basear-se em fatos passados para poder escolher a maneira que julgas melhor para construir o seu futuro. Escolhes a beleza que te encanta, porém, somente a sinceridade fascina-te como aqueles sonhos mais doces de serem sonhados, nascidos no esplendor das escolhas do id, funcionando através do principio do prazer.